Vamos agora parar por um momento para revisar e contemplar a molécula de DNA e a relação dela com os maquinários nanomoleculares envolvidos em seu funcionamento. O DNA com a sua estrutura de hélice dupla, ele é a forma de armazenamento de informação mais eficiente, mais protegida, melhor calibrada em termos de estabilidade química e mais compacta conhecida neste planeta. Como essa maravilha molecular, “quase perfeita”, polimérica, com cerca de 2 metros de comprimento, e com 3,2 bilhões (para os humanos) de peças, poderia se formar sem nenhum planejamento? Se o simples fato de ele conter informação já indica o que deu origem a ele, da mesma forma que ao vemos um cubo de gelo e entendemos diretamente que o motivo dele se formar é pela presença de temperatura abaixo de 0°C, pois esse é o conhecimento atual sobre a formação de gelo, da mesma forma, o conhecimento atual na ciência sobre a origem da informação “bem especificada e funcional” e que ela é somente produzida pela intervenção de uma mente inteligente, seria um erro gravíssimo atribuir efeitos a causas erradas, por exemplo: a queimadura do papel tendo origem pelo contato com a água do mar, algo completamente irracional, você entendeu? Infelizmente, é exatamente isso que alguns cientistas adeptos a filosofia naturalista fizeram, mesmo sem saber como insistem em imaginar que a informação do código genético teve origem em reações aleatórias e misturas racêmicas até que por pura sorte (sem planejamento) surgiu uma estrutura capaz de ditar toda uma estrutura biológica com cada maquinário em seu devido lugar já bem programado. Do jeito que essa hipótese é formulada (com pressupostos não testáveis e nem observáveis, não vai demorar muito para passar pelo filtro dos dados e ser eliminada, um artigo da Nature intitulado “The Water Paradox and the Origins of Life” publicado por eles, já deu esse primeiro passo.
Na célula podemos encontrar um “plano base” que vinculou cada peça no seu devido encaixe, e com seu devido sistema de auto-reparação, a célula é praticamente uma fábrica que já possuí cada maquinário nanomolecular programado para que o trabalho não pare e possa seguir adiante por si só, mas como toda boa fábrica, a celula teria que ter uma origem planejada, a célula não teria como antever que somente a D-ribose funcionaria, ou que esse açúcar teria que ser usado intacto no RNA, mas sem a hidroxila no C2’ (D-desoxirribose) no DNA. E o que dizer da troca de U por T, ou das quatro bases ATGC com encaixes e tamanhos perfeitos, ou do fio conectante estável e protetor de ânions fosfato, com seus dois átomos a mais de oxigênio e a carga elétrica negativa em ressonância que cria um campo elétrico protetor, e tudo mais. Sem antevidência, a célula teria obtido todas essas coisas? Pior, como a vida conseguiria todas elas, desde o início, desde a primeira célula, desde o momento zero?
Muitos cientistas ao se aprofundarem nessas questões sempre se deparam com esses dilemas, após estudar as evidências, Antony Flew – um famoso filósofo ateu que se converteu ao teísmo no final de sua vida – concluiu:
Cinquenta anos de pesquisa do DNA forneceram material para um argumento novo e poderosíssimo a favor do design [inteligente]
O código Morse foi criado por uma mente inteligente: a mente de Samuel F. B. Morse; o código de barras, por outra mente brilhante: a de Norman Joseph Woodland; e o código ASCII, pelo visionário Robert Bemer. A conclusão é clara: códigos sempre estão associados a criadores de códigos. O DNA, o RNA, o código genético e todas as suas sequências de letras químicas que viabilizam a síntese de proteínas, suas estruturas coordenadas e sua manutenção e planos de back-up servem como exemplos magníficos de antevidência. Francis Crick, codescobridor da hélice dupla do DNA, propôs um cenário de um “acidente congelado” (“frozen accident”) para a evolução do código genético, mas foi incapaz de descrever como esse acidente teria ocorrido (todos os muitos detalhes necessariamente envolvidos). Mais de 50 anos depois, essa e outras explicações naturalistas para a origem do código da vida continuam falhando em não detalhar o processo.
Em sua sofisticação e capacidade, o código genético supera qualquer código criado pelo homem. Essas características, por si só, deveriam ser suficientes para justificar a possibilidade de antevidência e design inteligente, mas há muito mais. Sabemos que o código genético é incapaz de ler a si mesmo ou implementar as inúmeras instruções que codifica. Para essas tarefas, com muita antevidência, outras soluções sofisticadas foram implementadas, mas isso, abordaremos em outro post, agora o que fica claro é o seguinte, em ciência argumentos formulados com base no que sabemos e com base na nossa experiência repetidade merecem todo nosso crédito, mas aqueles argumentos os quais se apoiam naquilo que não sabemos e que não pode ser acompanhado com uma experiência repetida não devem ser levados a sério, apenas merecem ser colocados nos seus devidos lugares que é na crença e na ficção.
Referências:
• The Water Paradox and the Origins of Life, Michael Marshall, Nature
• The origin of the genetic code, Francis Crick, Journal of Moleculer Biology
• Antevidência: a química da vida revelando planejamento e propósito, Marcos Eberlin, Koval Press