Como eu já mencionei brevemente, a gravidez exige uma série concatenada de alterações químicas e morfológicas. Essas etapas são acionadas por uma série de mensageiros químicos que foram um coquetel de fantásticas biomoléculas conhecidas como hormônios (Figura 31). Hormônios controlam desde a sincronização na produção de um ovo e sua fertilização até o desenvolvimento do embrião e o parto final da criança no ventre da mãe.
Hormônios são estruturas intrigantes do ponto de vista químico. Eles formam um conjunto especial e estruturalmente diversificado de mensageiros químicos, que controlam a maioria das principais funções corporais, desde a fome até as operações altamente complexas e sofisticadas da reprodução. Hormônios ainda contribuem para nosso bom ou mau humor. Eu teria que escrever outro livro inteiro só sobre a antevidência revelada apenas nos hormônios da gravidez e em outras biomoléculas que devem estar presentes para a chegada do primeiro bebê nascido na Terra. Destacarei aqui, então, apenas um pequeno conjunto dos exemplos mais impressionantes.
Os hormônios desencadeiam eventos específicos da gravidez, mas também evitam problemas que, de outra forma, seriam mortais para o bebê. Embora alguns deles desempenhem papéis mais importantes na gravidez, todos os hormônios são necessários para produzir um bebê saudável. O que segue é uma pequena lista de hormônios e um resumo de seus papéis:
• Hormônio folículo-estimulante (FSH): Acredita-se que o hormônio FSH seja o primeiro na cascata de hormônios da gravidez e esteja presente no sangue da mãe mesmo antes da fertilização. O FSH estimula um dos folículos do ovário, instruindo-o para amadurecer e começar a produzir estrogênio.
• Hormônio luteinizante (LH): Trabalhando em sincronia com o FSH, o LH orquestra o ciclo menstrual, tornando-se inativo durante a gravidez. Como o FSH desencadeia a produção de estrogênio, esse mensageiro inicia um ciclo de LH que sinaliza para o folículo dominante a hora de liberar o óvulo do ovário. O óvulo, então, migra em direção à trompa de falópio, onde esperará a chegada do espermatozoide vencedor. O folículo que se desprende forma o corpo lúteo, que se desintegra em cerca de duas semanas se nenhum embrião se implantar. Se o óvulo é fertilizado, o corpo lúteo continua a crescer, produzindo hormônios suficientes para nutrir e apoiar o bebê.
• Gonadotrofina coriónica humana (hCG): Esse hormônio é uma proteína que age como mensageiro “apenas para a gravidez” e que desencadeia a produção de estrogênio e progesterona assim que o óvulo é fertilizado. Como o LH, o hCG é responsável por manter vivo o corpo lúteo até que a placenta possa assumir seu papel. Igualmente crucial, o hCG suprime parte do sistema imunológico da mãe que poderia eliminar o bebê ao confundi-lo com um corpo estranho. A placenta recém-desenvolvida inicia a produção de hCG apenas alguns dias após o implante do óvulo fertilizado para “enganar” o exército de guardiões moleculares da mãe. O embrião faz seu “check in” e fica hospedado por até 40 semanas, alimentando-se dos nutrientes que captura do sangue de sua mãe. A quantidade de hCG é tão alta durante a gravidez que pode ser medida com testes de gravidez caseiros. Esse hormônio também estimula o corpo lúteo a produzir mais estrogênio e progesterona. Os níveis de hCG sobem e descem, mas são detectados durante toda a gravidez, estando, então, sempre de plantão para proteger o bebê da rejeição pelo sistema imunológico da mãe.
• Estrogênio: Esse hormônio realiza muitas tarefas, mas a principal é ajudar o útero a crescer enquanto regula a produção de outros hormônios essenciais, desencadeando o desenvolvimento dos órgãos do bebê.
• Progesterona: Esse é outro hormônio multifuncional que desencadeia o crescimento do tecido da mama e, o mais importante, ajuda a amolecer ligamentos e cartilagem para preparar o corpo da mãe para o trabalho de parto, de modo que o bebê possa nascer mais facilmente.
• Relaxina: Esse é também outro hormônio crucial para a gravidez. Sem relaxina, todo o trabalho duro de amadurecimento do bebê seria em vão e o pobre infante ficaria preso dentro do útero da mãe. Mas essa catástrofe foi antevista e a solução, adequadamente providenciada, uma vez que a relaxina envia uma mensagem ao corpo da mãe para relaxar seus músculos, ossos, ligamentos e articulações, causando a dilatação do colo do útero para que o bebê possa finalmente “vir ao mundo”.
• Lactogênio placentário humano (hPL): O hPL ou somatomamotropina coriônica (HPC) é o hormônio polipeptídico responsável por enviar mensagens para o peito da mãe, preparando-o para a amamentação.
• Ocitocina: Esse hormônio desencadeia contrações musculares que coordenam o trabalho de parto do bebê. Ele também estimula os mamilos para a amamentação e é conhecido como o “hormônio do amor”, pois ajuda no vínculo amoroso entre a mãe e seu bebê.
• Prolactina: Esse é outro mensageiro incrível na gravidez, pois cuida do pós-parto, desencadeando o metabolismo que aumenta o seio da mãe para que possa produzir leite suficiente para o recém-nascido. A propósito, hoje está bem estabelecido que o leite materno é bem melhor para os bebês do que a mais avançada fórmula artificial criada pelo homem. A capacidade de antever e prover da “natureza” parece insuperável. Sem esse coquetel bem ajustado e sincronizado de hormônios da gravidez, não haveria recém-nascidos, pois, mesmo com sua implantação no útero, o bebê nunca alcançaria o ponto de entrega. Anteveja um coquetel de hormônios da gravidez, ou kaput “baby”!
O cérvix forma a parte inferior do útero (colo do útero) que se abre para a vagina. Como o bebê se desenvolve no útero durante a gravidez, o cérvix exerce duas funções críticas. Primeiro, ele permanece firme e imóvel durante as 40 semanas de gravidez. O cérvix serve, então, como um “colo” firme e seguro para o feto, retendo-o durante seu desenvolvimento dentro do útero até que esteja maduro o suficiente para o parto. Mas, precisamente na hora do parto, ocorre uma maravilha metabólica: o hipotálamo envia mensageiros moleculares para o cérvix avisando-o que é chegada a data tão aguardada e que é hora de amolecer e se tornar mais elástico.
Evolucionistas dirão que o amadurecimento do cérvix foi uma vantagem seletiva adquirida ao longo de muitas gerações de evolução cega, mas observe aqui vários problemas com essa “interpretação”. Se no primeiro parto de bebê ocorrido nesse planeta**, o cérvix fosse incapaz de segurar o bebê firme em seu lugar ou não abrisse exatamente na hora certa, esse pobre “bebê pioneiro” ou teria sido expulso muito cedo ou restaria preso dentro do ventre da mãe, o que causaria a morte de ambos, do primeiro bebê e da primeira mamãe. Sem o primeiro bebê, chance zero para uma evolução gradual ao longo de muitas gerações. A dilatação certa e no momento certo do cérvix é um pré-requisito para a reprodução humana.
No parto, o cérvix se expande consideravelmente. Seu diâmetro normal, de cerca de 1 a 3 centímetros, expande-se para cerca de 10 a 12 centímetros, para criar espaço suficiente para a passagem do bebê. Normalmente, o cérvix é aproximadamente cilíndrico, longo e espesso, mas, durante o parto, ele encurta, afina e se projeta para a parte inferior do útero, o que provoca sua abertura. Esse aumento incrível de tamanho, de cerca de dez vezes, cria uma passagem “milimetricamente” calculada para que a cabeça do bebê e o resto do seu corpo passem do útero para o canal vaginal.
A dilatação do cérvix pode ocorrer durante a noite ou gradualmente ao longo de um ou dois dias. Lembre-se de que o amadurecimento do cérvix é estimulado pela ocitocina, com a ajuda dos altos níveis de estrogênio. Esse estímulo, por sua vez, libera um grupo de hormônios adicionais, conhecidos como prostaglandinas (P2 e PGE2), que juntas desempenham um papel indispensável na dilatação e no parto.
Ocasionalmente, a dilatação inadequada do cérvix causa sérias complicações no parto do bebê. Antes da medicina moderna, essas complicações frequentemente levavam à morte da mãe e do bebê. Alguém poderia, então, argumentar que essa falha é evidência para um processo imperfeito de tentativa e erro de uma evolução cega, e não de antevidência e planejamento por um designer onisciente. Essa objeção carrega em si dimensões científicas, filosóficas e até teológicas. Outro livro inteiro poderia ser escrito sobre esse assunto, mas aqui creio que seja suficiente lembrar que propor que um projetista bom e sábio planejaria – necessariamente – um mundo livre de toda dor, sofrimento e morte é somente uma “mera suposição”, sem lastro seguro algum sequer na teologia. Grandes teólogos de várias tradições religiosas têm oferecido argumentos sólidos que se opõem a essa tese.
Mas deixando de lado discussões teológicas sobre o caráter de qualquer pretenso designer da natureza, considere comigo o seguinte cenário especulativo. Suponha que você descubra um armazém abandonado e encontre lá uma frota de carros de corrida, todos do mesmo modelo. Os carros são magníficos e tecnologicamente muito mais avançados do que qualquer outro já feito pelo homem, tanto que, quando comparados, por exemplo, aos carros da Fórmula 1, eles estariam mais para “carroças velhas”. Mas ao testá-los, você descobre que alguns desses veículos magníficos apresentam, com o uso continuado, problemas nas linhas de combustível, que entopem com frequência. Essa falha seria interessante e certamente digna de investigação, mas será que, por causa dela, você estaria justificando a conclusão de que esse incrível modelo de carro foi feito sem antevidência e planejamento?
Somente se houvesse outra causa melhor para a origem desse carro incrível, de todo ele e seus incríveis componentes, uma outra causa provida de toda a antevidência e a capacidade de planejamento aparentemente necessárias para construir um carro com tanta tecnologia assim e suas linhas de combustível que eventualmente entopem, seria razoável descartar o design inteligente. E uma racionalização para toda a antevidência e o planejamento dessa causa alternativa requereria muito mais do que aquelas histórias vagas desprovidas do “como”: dos detalhes específicos, falha comum nas explicações darwinistas.
Para um sistema tão extraordinariamente sofisticado como a gravidez humana e o nascimento de bebês, as melhores explicações que negam o design inteligente – todas as variações modernas da teoria da evolução de Darwin – permanecem desprovidas de antevidência e de detalhes, sendo sustentadas apenas por toda a sorte de dissimulações falaciosas.
Quanto à dilatação do cérvix, só a constatação de que esse mecanismo sofisticado funciona já é surpreendente, mais ainda que ele funcione tão frequentemente, e tão bem. E assim que o bebê nasce, o cérvix mostra mais um truque incrível e essencial para a saúde da mãe. Após o parto, a dilatação reverte automaticamente, e o cérvix logo recupera seu tamanho e consistência normais, retornando às suas funções regulares. A necessidade das duas etapas teve que ser prevista. Preveja a necessidade de sustentar bem o bebê em desenvolvimento dentro do útero, apesar da “insistência” da mãe em andar em pé, e preveja a dilatação do cérvix na amplitude correta e as contrações no momento certo, ou de novo: “bye bye, baby!”.
Texto extraído do livro Antevidência, pág 154-159.
Referências:
Your Guide to Pregnancy Hormones, J. Geddes, What to Expect.
Anatomy and physiology of cervical ripening, L. Leppert, Clinical Obstetrics and Gynecology.
Antevidência: A Química da Vida Revelando Planejamento e Propósito, M. Eberlin, Koval Press.